22 dezembro, 2005

Última hora: Natal comprometido!


O Natal está comprometido! Estão a envidar-se esforços para contactar o Menino Jesus. Este poderá ser o fim da civilização tal como a conhecemos...

06 dezembro, 2005

Os insondáveis caminhos da Igreja

Fiquei recentemente muito mais descansado.
O Papa Bento XVI decretou que as crianças não baptizadas já podem ir para o céu quando morrerem, ao invés de ficarem num limbo entre o céu e o inferno, "entre as dez e as onze" por assim dizer.
Ora aqui está uma maravilhosa notícia. Quantos pais angustiados não terão agora muito mais conforto quando por doença grave, acidente ou agressão da sociedade os seus filhos falecerem, sabendo que os pobres infantes irão directamente para o Paraíso, para a terra onde escorre o leite e o mel sem cessar.
Porém, há sempre um mas.
Então e todas as criancinhas que já deixaram este mundo de há dois mil anos a esta parte, já para não falar nos milhares de anos em que a humanidade sobreviveu (nem sei como...) antes de aparecer a Igreja de Roma? Entram também ou a medida não tem efeitos retroactivos? Imagino que o sítio em que estavam - onde quer que isso fosse - estaria a rebentar pelas costuras de tantas e tantas alminhas que continha.
Felizmente que o Papa tomou esta importante medida de gestão, senão a coisa iria ficar insustentável. Aliás, o alcance desta resolução é de visão para o futuro, pois nos tempos que correm é mais fácil um camelo entrar no reino dos céus do que qualquer ser humano e assim não se corre o risco de o Paraíso sofrer uma quebra demográfica, que seria a todos os títulos deveras inconveniente.
Ocorre-me o título de uma obra sobre a mitologia grega: "Acreditavam os gregos nos seus deuses?"

02 dezembro, 2005

Que evolução para o mundo contemporâneo?


Referência de capítulos publicados:

- Introdução (título + “A situação actual”)

- Evolução para um capitalismo selvagem
- Uniformização da sociedade
- As sociedades superpovoadas
- Pensamentos finais.

Pensamentos finais

(continuação)

Naturalmente, esta poderá considerar-se uma visão demasiado pessimista ou demasiado fantasiosa do futuro. Porém, colocando-a contra a luz da actualidade, torna-se bastante plausível. Alguns exemplos podem estabelecer essa relação: o presidente George W. Bush tomou unilateralmente a decisão de abandonar o Protocolo de Quioto – uma tímida iniciativa para diminuir a emissão de gases poluentes pelos países industrializados, da qual cerca de 25% é da exclusiva responsabilidade dos EUA (informação recolhida dos media) – por considerar que tal acordo era prejudicial à indústria americana; o abate de floresta virgem é cada vez mais intenso, pela incessante procura de madeiras exóticas, causando a degradação dos solos e consequentes enxurradas devastadoras motivadas pelas cheias (informação recolhida dos media); a invasão do Iraque tendo em vista – apesar de todos os discursos piedosos acerca da implementação dos Direitos Humanos ou alarmistas sobre uma eventual ameaça iminente de uso de armas de destruição maciça que, curiosamente, nunca foram encontradas – a apropriação e posterior divisão dos recursos petrolíferos do país – de que estarão apenas explorados cerca de 10% (informação recolhida dos media) – entre as potências ocidentais; a pesca excessiva que impossibilita a reposição das populações piscícolas – estimando-se que o bacalhau, por exemplo, que sofreu uma redução de 70% no Mar do Norte, chegue à extinção dentro de quinze anos a manter-se o ritmo actual de pesca (informação recolhida dos media) –, motivada pela crescente demanda de alimento pelas populações humanas em aumento constante; a potenciação da génese de furacões e outras tempestades devido ao aumento de apenas meio grau Celsius da temperatura dos oceanos resultante do efeito de estufa (informação recolhida dos media).
Os exemplos abundam e poderiam multiplicar-se.
Por tudo isto, a realidade ficcionada que foi anteriormente descrita tem grandes possibilidades de poder vir a tornar-se uma realidade concreta, a menos que se encontrem formas de regular a globalização que rege as sociedades ocidentais e que, não há que ter ilusões, veio para ficar, dadas as avassaladoras vantagens do ponto de vista económico. De evitar que essa globalização não se venha a traduzir numa uniformização da sociedade, nivelada pela mediocridade ou pela superficialidade, num mundo superpovoado que, pela busca incessante de recursos, tornará o planeta que lhe serve de guarida num deserto estéril.
Cá estaremos para ver…

Bibliografia

FUKUYAMA, Francis, O Fim da História e o Último Homem, Lisboa, Gradiva, s.d.

HUNTINGTON, Samuel, O Choque das Civilizações e a Mudança na Ordem Mundial, Lisboa, Gradiva, 2001, 2ª ed.
HUXLEY, Aldous, Admirável Mundo Novo, Lisboa, Ed. Livros do Brasil, 2001.
HUXLEY, Aldous, Regresso ao Admirável Mundo Novo, Lisboa, Ed. Livros do Brasil, 2001.
ORWELL, George, 1984, Ana Luísa Faria (trad.), Porto, Público Comunicação Social, S.A., 2002, colec. Mil Folhas, n. 25.
OSBORNE, Richard, Homem Demolidor, I. Mafra, H. César, M. J. Bento, (trad.), Mem-Martins, Publ. Europa-América, 1993, colec. Ficção Científica, n. 203.
POHL, Frederik, KORNBLUTH, C. M., Os Mercadores do Espaço, João Miguel Carvalho (trad.), Mem-Martins, Publ. Europa-América, 1952, 1ª ed., colec. Ficção Científica, n. 137.
POHL, Frederik, KORNBLUTH, C. M., A Guerra dos Mercadores, Olga Fonseca (trad.), Mem-Martins, Publ. Europa-América, 1984, 1ª ed., colec. Ficção Científica, n. 138.
SOARES, Mário, Um Mundo Inquietante, Mafra, Círculo de Leitores, 2003.
Revista História, Ano XXV (III Série), Setembro 2003, nº 59.