28 abril, 2006

Finalmente fez-se luz...

Hurra! Hossana! Aleluia!
Segundo a manchete de um matutino lisboeta, a Conferência Episcopal Portuguesa aceitou finalmente o uso do preservativo, ainda que considerando tratar-se de um mal menor. O Bispo D. Januário afirmou mesmo "antes o látex que o aborto", posição de que comungo se bem que, provavelmente, por motivos diferentes.
Depois de há cerca de um mês atrás um padre ter colocado um anúncio no jornal avisando que não daria a comunhão a quem defendesse publicamente os métodos contraceptivos ou o aborto, eis que a Igreja acorda para o séc. XXI.
É este o seu principal problema: a mentalidade social muda muito mais depressa do que aquilo que os rígidos dogmas religiosos conseguem acompanhar.
Durante demasiado tempo, quando colocada perante a realidade da epidemia de SIDA grassando livremente em África dado o pouco uso dos preservativos, preferiu refugiar-se no dogma a encarar de frente a situação ainda que isso significasse uma correcção da doutrina.
Por outro lado, no Ocidente, as pessoas tornaram-se bastante críticas em relação à actividade da Igreja depois dos escândalos de pedofilia protagonizados por sacerdotes, os quais eram simplesmente mudados de paróquia ao invés de serem chamados à responsabilidade e punidos.
Mesmo em Portugal, país que se apregoa como maioritariamente católico, grande parte das pessoas só vai à igreja em três ocasiões: de carrinho, de carrão e de carreta, isto é, no baptizado, no casamento e no funeral.
E isto ilustra o progressivo afastamento entre a Igreja e o seu público-alvo.
Afinal, numa época em que a informação nos chega pelas mais diversas formas, para que precisamos nós de um indivíduo que nos diga como devemos levar a nossa vida, baseado não na experiência pessoal, mas sim nuns escritos elaborados há pelo menos dois mil anos?

11 abril, 2006

Querem ver que a história foi mal contada...

Na passada semana o Diário de Notícias relatava sobre uma investigação patrocinada pela National Geographic, a propósito de um manuscrito encontrado na região de El Minya, no Egipto, o qual foi já autenticado através de carbono 14, peritagem paleográfica e análise física do papiro.
Nesse documento, intitulado "O Evangelho Segundo Judas", é contada outra versão da cruxificação de Cristo, segundo a qual Judas Iscariote, ao invés de ter traído o seu mestre por 30 dinheiros, limitou-se, outrossim, a cumprir as instruções emanadas do próprio Jesus para o entregar aos soldados romanos, que lhe teriam então pago aquela verba.
O que é interessante nesta outra versão dos acontecimentos que levaram à celebração do que é hoje a Páscoa, é que a "responsabilidade" de Cristo no seu próprio sofrimento é de certo modo corroborada pelas Escrituras canónicas, isto é, aquelas oficialmente aceites. Numa análise cuidada, como a que foi feita num documentário transmitido há algum tempo atrás pelo Discovery Channel, pode concluir-se que: a) Cristo afrontou directamente a autoridade do sumo sacerdote, ao atacar e agredir os comerciantes no templo; b) não fugiu quando teve oportunidade, ficando calmamente à espera da chegada dos soldados romanos; c) nada fez para se defender ou contrariar as acusações que lhe eram dirigidas, mesmo quando Pilatos, a instâncias da esposa, se propunha oferecer-lhe uma oportunidade de se salvar.
Salientem-se ainda outros manuscritos, os de Nag Hammadi, produto da corrente gnóstica dos primórdios do Cristianismo, que defendia, entre outras coisas, uma interpretação pessoal das Escrituras, em oposição à interpretação "ortodoxa" definida pelos bispos da Igreja emergente do séc. I e, como tal, por esta considerados apócrifos e heréticos e votados à destruição. Para uma Igreja que procurava afirmar-se e congregar o maior número de pessoas, ao mesmo tempo que fazia face às perseguições das autoridades romanas - surgem nesta altura os mártires dispostos a morrerem pela sua fé, num processo curiosamente semelhante ao que actualmente move o Islão radical - a necessidade de haver uma fundamentação comum da liturgia era imperiosa para a união em torno de conceitos comummente aceites. Não poderia assim tolerar interpretações divergentes ou que variassem conforme a região.
Agora que foram descobertos estes manuscritos, que oferecem uma visão nalguns casos radicalmente diferente dos cânones da Igreja, qual será a reacção desta? Possivelmente irá ignorá-los como já fez antes.

07 abril, 2006

LEMBRAM-SE DO ANO EM QUE A CHINA DESCOBRIU O MUNDO?

Finalmente posso ler críticas ao livro de Gavin Menzies, "1421, o Ano em que a China descobriu o Mundo".

http://www.kenspy.com/Menzies/

Depois de bem lido o site, voltarei!

Boa Páscoa!