20 maio, 2005

FALAR BRASILEIRO

Estou irritado.
Não sou uma sumidade, nem pra lá caminho, no campo linguístico. Confesso-me um ignorante em todas as matérias que compõem o mundo científico. Até na História, que melhor conheço, estou a milhas de atingir um nível apreciável.
Vamos então saber o que me irrita. Estou há uns bons meses no Brasil. Para falar verdade está perto de fazer um ano. A língua portuguesa do Brasil tem um tom muito agradável, mas a mim, um falante do português de Portugal, até se me eriçam os pêlos do braço, até se me enrola qualquer coisa cá dentro e sinto que estou prestes a estourar, quando ouço e vejo como tratam a língua portuguesa por aqui.
Se por um lado a língua é uma arma económica e política a não desprezar, no âmbito da globalização e de toda uma estratégia que se pretende de "vistas largas", por outro tenho vontade de mandar à fava os PALOP, não por motivos raciais nem geográficos, mas pelos que já referi, os linguísticos.
Estou num grande impasse. Ao orgulho que ocasionalmente sinto por motivos vários contrapõe-se uma Real, sim, com "r" grande, vontade em prescindir dos 180 milhões de palradores que habitam este país do mapa dos que falam a língua portuguesa. E eles por certo achariam bem. Iriam ficar contentes por dar mais uma facada no pai (esta não é minha), ao terem uma língua deles, ao falarem "brasileiro".
Estaria eu a renegar uma história comum? Muito provavelmente uma parte dela. Mas quem conhece a História sabe bem que não é inédito.
Esta irritação há-de passar, muito provavelmente quando me for daqui.

17 maio, 2005

História e Religião



Nos últimos meses, surgiram-me várias questões na cabeça, pelo que começarei a minha primeira intervenção neste espaço com aquela que mais polémica tem levantado, um pouco por todo o mundo, nomeadamente desde o lançamento do romance de Dan Brown, “O Código Da Vinci”.
Partirei do principio que estamos todos, mais ou menos, inteirados do assunto que o mesmo trata e, como tal, do que originou, tanto na comunidade cientifica como na comunidade religiosa. Assim sendo, também terá reflexos na comunidade a que nós, formados em História, pertencemos!
Excusando-me a fazer um resumo ou mesmo uma critica ao romance que, aliás, li com algum interesse, as questões que ali se tratam parecem ter afectado muita gente, pessoas talvez mais importantes do que possamos ter ideia. O seu autor, diz-se, teve acesso, durante anos, aos arquivos ditos secretos do Vaticano, o que terá deixado a sensação de que sabia do que falava quando escrevia acerca do Santo Graal, de Jesus Cristo e de Madalena. Longe de se saber a veracidade de tal facto, o certo é que passou a ideia de que o que originou( desde guias especializados em desmentir o autor, a outros romances que confirmam muitas das suas ideias ), é o resultado de algo maior do que apenas contestação ou aceitação.
Dan Brown, no fundo, parece estar a mexer com dois mil anos de História, Fé e Crença, o que mexe também com os sentimentos e as certezas de uma civilização que, como os meus avós e pais, cresceu com a presença de Deus, Jesus, a Crucificação, a Última Ceia, a Ressurreição.
Como explicar a esta civilização que, como afirma o autor, Madalena foi esposa de Jesus, fazendo dele um homem comum? Uma só questão que, para quem leu o romance e está a par das discussões posteriores, tendem a levantar muitas mais.
No entanto, não é para falar de “O Código Da Vinci” que escrevo. As questões que ali se levantam e que na minha cabeça originaram muitas mais, são, aqui, muito mais importantes. Aconteceu, por acaso, ter acesso a um texto de um autor de seu nome La Sagesse, que leva o assunto muito mais longe, causando-me uma grande estranheza ou mesmo uma grande estupefacção: segundo este autor, Jesus Cristo, a Religião Cristã, as crenças e tudo o que foi construído durante dois mil anos e tido como verdadeiro, não passou disso mesmo, uma construção! Se o romance já me havia deixado confuso, este texto que agora refiro deixou-me ainda mais! Questionar é uma coisa, afirmar é outra completamente diferente.
La Sagesse, entre outras coisas, afirma que Jesus não existiu, é uma espécie de mito, criado para o benefício de alguns. Que a Bíblia é uma compilação de coisas falsas, de estórias posteriores a Cristo e que foi adulterada ao longo de anos, com o único objectivo de fazer “calar” os escritos de contemporâneos de Jesus Cristo que, aliás, nem sequer mencionam o seu nome nem nenhum dos seus actos.
Levantam-se assim outras questões que nos deixam a pensar. La Sagesse questiona a figura de Deus como sendo o Criador, ser omnipresente e omnisciente, quando a ciência nos deu provas que o nosso planeta é uma infima particula de um extenso universo. Há ainda quem faça a pergunta: que legitimidade terá um Deus único, omnipresente e Criador perante a enorme quantidade de deuses egipcios, gregos e romanos?
Não querendo, de todo, lançar qualquer tipo de polémica, a intenção aqui é procurar, com o debate, esclarecer mais do que as minhas dúvidas, as dúvidas de alguns colegas, porque as deve haver.

16 maio, 2005

O PASTOR E O POLTRÃO


O Asterix existiu mesmo, mas nem era Gaulês nem se chamava Asterix. Segundo um autor brasileiro, o verdadeiro Asterix chamava-se Viriato e era Lusitano. Resistiu ao poderio romano durante aproximadamente 60 anos, até que Scipião, encarregado de tomar a região defendida pelo pastor-estratega, conseguiu corromper os emissários de Viriato, acabando por matá-lo. Isto passou-se no séc. II antes da nossa era.De modo completamente diferente outra figura da nossa História, D. João VI, terá derrotado outra grande potência - a França de Napoleão. Esta visão é defendida por um outro autor brasileiro, que "conheci" num manual brasileiro da 5ª série. Vale a pena a transcrição: "Manso e pacato, bonachão e simplório, foi a imagem que ficou. Poltrão mesmo, disseram muitos, em alusão gratuita à migração da família real, como se o minúsculo rei tivesse meios de resistir à máquina de guerra dos franceses (...) a partida de D. João foi efectivamente apressada, dando a impressão de fuga, de medo de Napoleão, quando em realidade o estava derrotando, vencendo-o espectacularmente (...) Poucos anos depois, em seu exílio em Santa Helena, Bonaparte redimiria o poltrão: "Foi o único que me enganou!", disse, rememorando a frustração de não ter podido aprisionar o monarca português, tal como fizera com Fernando VII de Espanha".Quem diria: um pastor e um poltrão a porem em sentido generais daquela estirpe!

(Tive de colocar este texto outra vez porque estava a ser bombardeado com comments de um ácaro qualquer, por isso apaguei o original. Quem quiser comentar novamente que o faça, por favor, pois os comments anteriores desapareceram.)

13 maio, 2005

A HISTÓRIA É NOSSA!

Abram as garrafas de champagne, mas do francês, não queremos cá imitações! Como dizia o poeta, Deus quer, o homem sonha e a obra nasce. E esta foi uma obra-relâmpago, nada como as que vemos por aí, tipo de Santa Engrácia. Além disso os custos foram mínimos.
Mais a sério agora. Este é um sítio onde vamos poder falar de História, entre amigos. Conhecemo-nos todos na Lusófona e não podemos ignorar o espaço em que nos conhecemos. Não estamos, contudo, fechados a um pequeno círculo. A História é de quem a faz e de quem a ama, por isso desejamos que todos participem e comentem o que aqui fazemos. O nosso lema é seriedade, informalidade e tolerância.
A História é nossa. Vamos apostar nela?