28 abril, 2012

XII Oficina de História:
Soberania e (In) Dependências: A Crise de Euro
26 de Abril 2016





Organização: Departamento de História (Universidade Lusófona) em colaboração com a Faculdade de Ciência Política, Lusofonia e Relações Internacionais (ULHT).
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A XII Oficina de História foi mais uma oportunidade para os alunos de História, Ciência Política e outros, de reflectirem com a ajuda dos professores e oradores convidados sobre a crise financeira em curso e as sua implicações para o tradicional conceito de soberania de Estados-nações. 
Os oradores foram apresentados pela aluna Fatima dos Santos, representante do Núcleo Lusófono de História. Houve um consenso geral que na presente era de globalização a interdependência é cada vez maior e reduz a capacidade de qualquer Estado em assegurar os seus cidadãos unilateralmente. Como indicou o Professor Teotónio R. de Souza, a área de terrorismo é particularmente notável neste sentido. Só com cooperação mútua os países, mesmo as grandes potências, como os EUA, conseguem defender-se sozinhas. Muito menos os Estados pequenos que carecem de meios / teconologias para que se provoquem «primaveras» e rebeliões contra as autoridades instaladas. 
Prof. Dr. Feliciano Barreiras Duarte manifestou o seu europeismo e gradualismo integracionista, como bom e essencial para Portugal. Chamou atenção à impaciência europeia em conseguir resultados, contrapondo o caso dos chineses que seguem outro ritmo, confiantes por exemplo, que cedo ou tarde Taiwan irá fazer parte da China.
Como envolvido no governo atual em Portugal, explicou a necessidade de medidas administrativas e financeiras que estão a ser tomadas para salvaguardar o que nos resta da nossa soberania. 
Professora Ângela Montalvão Machado, diretora da Faculdade de Ciência Política, Lusofonia e Relações Internacionais,  apresentou alguns teóricos da soberania no Ocidente. Chamou atenção à matriz francesa das tradições políticas, incluindo casos de violência, apesar do mito de brandos costumes, e lamentou a fraca participação política dos cidadãos portugueses, deixando ao Estado resolver os problemas. 
Prof. Paulo de Morais, da Universidade Lusófona do Porto,  denunciou a natureza estrutural dos problemas financeiros do Estado português, marcada pela falta de transparência orçamental. Sem uma correcção radical e não se limitando às soluções paliativas conjunturais, as dificuldades persistiriam mesmo após regresso aos mercados nos próximos anos. 
Prof. João Caetano, Pró-Reitor da Universidade Aberta,  falou do Estado distante, que o povo vê como sujeito que pode ser roubado! Chamou atenção à necessidade de participação dos cidadãos para definir o Estado e as suas responsabilidades. Apresentou as Universidades como agentes com esta tarefa de repensar o Estado. 
Prof. Fernando Pereira Marques, diretor do mestrado em Ciência Política,  fez uma apresentação histórica do Estado-nação e políticas de soberania, bem como as tendências separatistas, indicando os casos de Escócia, Catalunha, Liga do Norte (Itália), e Madeira mais próxima de nós. Analisou as implicações das eleições presidenciais francesas. Apontou as crises financeiras de Portugal desde o estabelecimento do 1º banco, 200 anos depois de Inglaterra e Holanda. 
Prof. Rui Teixeira Santos, diretor da Escola de Administração Pública, ULHT,  apresentou os Estado-nações como uma evolução económica da Europa após o fim das guerras religiosas nos meados do século XVII. 
Prof. Teotónio R. de Souza partilhou as suas ideias, pedindo uma maior precisão na utilização dos conceitos de soberania, globalização, etc. que também sofrem de evolução. Apresentou a UE como uma ressaca pós-colonial. A Europa que está habituada a poder ao nível internacional desde os últimos 500 anos, após descolonizações criou um colonialismo interno na Europa. Sem um mercado de escala, os países europeus não tem condições para concorrer com os mercados emergentes dos BRICS. Não é assim de surpreender que haja países periféricos como Portugal e outros a serem explorados pelos países centrais da Europa. A Oficina acabou com intervenções da audiência, particularmente das professoras Helena Neves e Maria Adelina Amorim.