21 fevereiro, 2006

Ainda as caricaturas de Maomé

Em resposta ao comentário do caro blogger Pero Vaz, sinto-me compelido a escrever novo artigo, pois que me parece que ainda não foi abordada a questão de fundo.
Sou europeu por convicção e cristão por defeito. No vislumbre que tive das caricaturas de Maomé, não me pareceu que fossem assim tão ofensivas, pelo menos do ponto de vista ocidental. Mas isso é na cultura ocidental, que foi formada pelos ideais libertários da Revolução Francesa a qual também promoveu uma separação entre Igreja e Estado. E, no entanto, basta atentar nas cerimónias ocorridas em Fátima para transladação do corpo da última vidente (reconhecida) das aparições para se perceber como o fenómeno religioso ainda está tão vincado na sociedade.
Agora imagine-se que não tinha ocorrido a Revolução Francesa. Imagine-se que a Igreja mantinha a mesma preponderância social que detinha nos tempos medievais. Imagine-se que, para cúmulo, era por ela que passava toda a instrução das massas. Imagine-se, aqui no ocidente, o mesmo rancor e a mesma frustração diariamente alimentados pelos radicais - a quem foi fornecida substancial quantidade de "munições" para agitar as massas - que romantizam a memória cultural do séc. XIII, em que eram o centro político e cultural do mundo, esquecendo convenientemente os aspectos negativos e a vida dura da época.
Imagine-se ainda ver a sua sociedade ser moldada pelo triunfo do dinheiro e da tecnologia ocidentais onde as Cruzadas falharam, subvertendo - para eles - o modo de vida "são" que era tradicional.
Por fim imaginemos um crescendo, com atitudes como a do ministro italiano ao envergar uma t-shirt com as referidas caricaturas em plena TV ou as declarações belicistas de outros responsáveis europeus, que, por sua vez, provocam a resposta exacerbada do fanatismo islâmico. Por menos que isso já deflagraram duas guerras mundiais.
Não se combate o fogo com o mesmo fogo. Se queremos esvaziar o fundamentalismo islâmico como inequívoca ameaça à civilização que, boa ou má, é a que temos, não podemos continuar a fornecer-lhe gratuitamente argumentos para que continue a existir.
É certo que todos somos livres de fazer o que queremos, mas devemos usar a nossa liberdade sabendo que acaba onde começa a dos outros. Afinal de contas, não andamos pela rua a insultar quem se cruza connosco só porque temos a liberdade para o fazer.

15 fevereiro, 2006

Tolerância vs intolerância

Ainda os cartoons de Maomé.
Fiquei pasmo ao ler os comentários às notícias veiculadas por um certo matutino de que recebo a newsletter, o qual, não sendo exactamente um jornal de referência, é ainda assim um espelho do pensamento de boa parte da população portuguesa.
Pois muitos dos nossos concidadãos entendem que o Ocidente se está a pôr de cócoras perante o Islão ao condenar como excesso libertário a publicação dos ditos cartoons. Que não tem nada que pedir desculpa, que os muçulmanos só têm é que engolir tudo o que lhes é posto à frente, porque são uns atrasados, retrógrados e fanáticos que não merecem qualquer consideração e muito menos uma condenação formal das caricaturas por parte do MNE e do Governo, opinião que, de resto, é partilhada por vários jornalistas.
Em adição a isto, numa sondagem on-line efectuada pelo mesmo jornal, mais de 90% dos participantes manifestou-se a favor de uma intervenção armada dos EUA no Irão, como forma de resolver a questão da capacidade nuclear deste último.
Importa aqui colocar algumas questões.
Se o caricaturado fosse Jesus Cristo ou o Papa em vez de Maomé, qual seria a reacção em Portugal? Seria igualzinha à dos muçulmanos, exceptuando talvez os ânimos exacerbados. E isto não por o país ser mais "civilizado", mas por, apesar de tudo, a sua população ter uma vida melhor em comparação com as dos países árabes (há que lembrar que em muitos destes países as populações não dispõem de saneamento básico, por exemplo). Não acreditam? Aqui vai um exemplo: lembram-se quando um caricaturista português teve a ideia de desenhar o Papa João Paulo II com um preservativo enfiado no nariz, para ilustrar a intransigência da Igreja ao proibir o uso de métodos contraceptivos? Estão igualmente recordados da reacção hostil que então se verificou?
Por outro lado, este apoio expresso a uma intervenção armada é, no mínimo, contraditório. É que parte das mesmas pessoas que, após a morte daquele soldado português no Afeganistão, exigiram o retormo imediato das nossas tropas estacionadas no estrangeiro. Estarão acaso à espera que sejam outros a efectuar as despesas em vidas humanas que tal operação, justificada ou não, acarreta? Ou será que uma guerra é boa quando é o vizinho a morrer e deixa de o ser quando a grande igualadora vira a sua atenção para nós? E depois do Irão, quem se seguirá? Talvez a Coreia do Norte ou a Palestina ou um outro qualquer e assim por diante, até que finalmente haja paz... a paz dos cemitérios.
A tolerância tem de ser mais que uma simples palavra. Tem de ser uma atitude, uma filosofia de vida. Porque se não respeitarmos os outros como poderemos exigir respeito da parte deles? A violência só gera mais violência. Como disse o Mahatma Gandhi: "Nesta política do olho por olho, acabaremos todos cegos."

07 fevereiro, 2006

Teorias sobre Jesus

Os estudiosos têm debatido ao longo dos tempos a etnia exacta e a nacionalidade de Jesus. Recentemente, num encontro em Roma, houve um debate aceso sobre este tema. Eis algumas teorias:

Jesus era Mexicano
Pois o seu primeiro nome era Jesus; falava duas línguas; estava sempre a ser perseguido pelas autoridades.

Jesus era Negro
Pois chamava irmão a todos; gostava de Gospel; não conseguiu ter um julgamento justo.

Jesus era Judeu
Pois seguiu o negócio do pai; viveu em casa até ter 33 anos; estava certo de que a sua mãe era Virgem e esta tinha a certeza de que o filho era Deus.

Jesus era Italiano
Pois falava com as mãos; bebia vinho a todas as refeições; utilizava azeite.

Jesus era Californiano
Pois nunca cortava o cabelo; andava de sandálias; iniciou uma nova religião.

Jesus era Irlandês
Pois nunca casou; estava sempre a contar histórias; adorava pastos verdes.

Jesus era uma Mulher
Pois teve que alimentar uma multidão de um momento para o outro, quando não havia comida; tentava continuamente fazer passar a sua mensagem a um bando de homens que simplesmente não a entendiam; mesmo depois de morto, teve de voltar porque ainda havia trabalho a fazer.