21 novembro, 2008

O que é a História Narrativa?

O que é a História Problematizante?

- Exemplos…


Nestas duas pertinentes questões, se encerra um dos mais actuais, oportunos e interessantes capítulos da Historiografia, ou melhor, do estudo da Historiografia, enquanto Ciência Histórica, auxiliar ou complementar desse imenso fresco que é a ciência maior, mais vasta, mais ampla, do ponto de vista multidisciplinar e interdisciplinar, enquanto História propriamente dita.

A Historiografia é, sem margens para dúvida, a ciência que estuda os registos dos acontecimentos e dos factos passados, considerados mais tarde ou na própria actualidade como documentos históricos. Enquanto durante os chamados períodos pré-clássicos, clássico e até, durante toda a Idade Média, praticamente até finais do século XV, os registos se efectuavam de uma forma pragmática, objectiva e sintética[1], dando-nos fé das mais importantes datas da existência de um soberano, um príncipe, um bispo, um alto dignatário da corte, um nobre, uma família representativa ou até de um reinado, ou bispado, em função da apresentação das datas de nascimento e óbito, com o intuito de fazer memória, evocação religiosa, preservar linhagens genealógicas, direitos hereditários, títulos e estatutos sociais, dignidades públicas e eclesiásticas, não é menos verdade que este tipo de prática foi evoluindo, com a própria evolução dos tempos, com a natural evolução das mentalidades, com a expectável evolução do estádio intelectual e racional do Homem e com a consequente evolução tecnológica do último século, século e meio.

De meros registos burocráticos das chancelarias régias, como forma de observar, controlar e validar leis, doações e privilégios; a registos genealógicos, como método de garantiar e perpetuar a veracidade e legalidade de determinados extractos sociais da nobreza; a registos religiosos, como testemunho de testamentos e doações, que obrigavam à evocação e memória dos instituidores de conventos e mosteiros, a historiografia mais antiga, cede lugar a crónicas e estórias, mais ou menos focalizadas em grandes momentos – guerras, batalhas, casamentos, embaixadas, estabelecimento de laços ou convénios políticos e diplomáticos - ou em períodos de tempo mais alargados e correspondentes a reinados, ou a determinadas épocas com um denominador comum ou um protagonista central.

Com o refinamento da própria arte da escrita, com o domínio e desenvolvimento do uso das ideias, do conhecimento, da sua desejável interligação, com uma leitura mais transversal dos acontecimentos e uma visão mais internacional, os registos ganham colorido, dimensão, profundidade, planos primários e secundários, sequências, continuidades, duração e ligação entre tempos e acontecimentos ou factos com aparente distanciamento ou omisso estabelecimento de relação.

Em Portugal, Fernão Lopes, ‘escrivão de livros’ do rei D. Duarte (1434), marca como que o início da era ou época moderna e deixa escola, uma escola que perdurará e será enriquecida e remodelada por Rui de Pina.

Esta observação, consistente e coerente, se atentarmos na própria observação persistente da evolução dos tempos, vai ganhando contornos e diferenciamentos que nos permitem, mais tarde, estabelecer contactos, comparações, afinidades e distanciamentos. Começamos a poder ler textos sobre determinadas figuras, acontecimentos, factos e períodos, chamados históricos, bastante diferentes na fórmula, no conteúdo, no estilo e até nas conclusões apresentadas.

Dois autores, perante a mesma realidade, o mesmo acontecimento, a mesma fonte, podem – porque a isso os impele a liberdade de interpretação, a riquesa individual de conhecimentos e ferramentas de trabalho e investigação disponíveis! – dar-lhe leituras históricas diferentes, desde logo fazendo abordagens pela via sociológica, económica, política, ideológica ou outras. Dois autores, do ponto de vista académico, podem divergir nos métodos de análise e reflexão e por vias paralelas, chegarem a conclusões coincidentes ou diferenciadas.

Poderemos assim dizer, com as naturais reservas, da humildade própria e devida pela condição de discente, que a evolução ocorrida no conceito de uma história narrativa para uma história problematizante, foi quase natural, tão natural como a contextualização da evolução das mentalidades e das ideias, ao fim e ao cabo, a evolução do próprio Homem, enquanto parte nuclear da própria História.

Mais, com o advento dos tempos contemporâneos, a história problematizante, apresentada com capacidade de observação, motivos de análise, intuição reflectiva, comparação e massa crítica, ganha adeptos e não se circunscreve a meras apreciações diferenciadas entre autores. Ela própria, nos tempos que nos coube em sorte viver, equaciona muita da historiografia existente e dos métodos de estudo até hoje desenvolvidos e aplicados. Lança novos olhares, novas perspectivas e novas perguntas sobre o que se considerava ou considerou largo período de tempo como definitivo ou dogmático.

Desde logo, porque durante muito tempo, a historiografia se centrou no papel dos protagonistas maiores da história – reis, prícipes da igreja, generais, heróis, etc… - e descurou, um pouco como a própria arqueologia, a vida normal e material, logo genuína, do comum dos mortais[2].

Para um melhor entendimento do que é um texto de História narrativa, poderemos dar como exemplo um dos muitos capítulos das crónicas de Fernão Lopes ou Rui de Pina, para falarmos só de casos portugueses.
Do mesmo modo poderemos dar como exemplo de História problematizante o incontornável livro “Identificação de um País” [3], do Professor José Mattoso, ou até, o texto “História e Sistema: Interrogações à Historiografia Pós-Moderna” [4], do Professor António Manuel Hespanha e, que curiosamente, é inspirado no livro já referenciado de José Mattoso.



[1] AAVV, “Historiografia”, in Serrão, Joel, “Dicionário de História de Portugal”, vol. VI, Porto, Livraria Figueirinhas, 1989, pag. 418.
[2] Le Goff, Jacques e Chartier, Roger, Revel, Jacques, (direc.), “A Nova História”, Coimbra, Almedina, 1990, pag. 190
[3] Mattoso, José, “Identificação de um País – Ensaio sobre as Origens de Portugal. 1096-1325”, I Oposição, II Composição, Lisboa, 1985, 2 volumes, 457 e 324 pp.
[4] Hespanha, António Manuel, “História e Sistema: Interrogações à Historiografia Pós-Moderna”, Ler História, nº 9, 1986.

20 novembro, 2008

O ofício do historiador

O autor ao identificar as ciências mais importantes para a investigação histórica deixa transparecer a sua preferência pela Antropologia, Sociologia e possivelmente a Psicologia, não se referindo à Demografia Histórica e à Paleografia, indispensáveis para descodificar os documentos coevos, possivelmente por achar que não valerá a pena citá-las.
Mas que Fernão Lopes “ …em andar por mosteiros e igrejas buscando os cartórios e os letreiros delas, para ver essa informação… não ainda em este reino… ” os citou. É verdade que estes documentos de um modo geral apresentam apenas a versão dos vencedores, contudo o grande cronista foi capaz de separar esse facto e deixar-nos uma leitura sócio/histórico/antropológico como parecer da sua época.
Também o cronista por vezes demonstra tal como o autor, a sua aparente divergência em alguns casos, isto é, também tinha dúvidas embora optasse pela informação que lhe era mais credível.
Os três momentos da elaboração do seu discurso histórico são o exame do passado através das suas marcas (talvez por as suas marcas serem poucas esqueceu o Terramoto de 1755, na Enciclopédia História de Portugal) é imprescindível que qualquer documento só tem sentido histórico quando inserido no contexto do tempo/homem a que eu acrescentaria o espaço, já que este condiciona a acção do homem e possivelmente, justifica a sua opção. Podemos através da História, interpretar o passado de forma a compreender o presente e a sua relação entre estes dois tempos, encontrando ou confirmando a sua verdade, mesmo em relação aos grandes movimentos colectivos.
A intuição de um historiador necessita para ser credível de um trabalho de análise na investigação efectuada pelos diversos investigadores que ao longo do tempo o antecederam.
Quanto à última face, ou seja, à elaboração do texto final, segundo o autor, este têm de ser rigoroso, objectivo e bem fundamentado, para ser considerado um texto histórico, mas deverá ser claro, comunicativo e sugestivo para o comum dos leitores.
Ainda segundo o autor concluímos que a História não é a realidade, sendo ou não a expressão do seu próprio desejo.
"O homem não vive somente de pão; a História não tinha mesmo pão; ela não se alimentava se não de esqueletos agitados, por uma dança macabra de autómatos. Era necessário descobrir na História uma outra parte. Essa outra coisa, essa outra parte, eram as mentalidades".
"A História procura especificamente ver as transformações pelas quais passaram as sociedades humanas. As transformações são a essência da História; quem olhar para trás, na História de sua própria vida, compreenderá isso facilmente. Nós mudamos constantemente; isso é válido para o indivíduo e também é válido para a sociedade. Nada permanece igual e é através do tempo que se percebe as mudanças".
"A História como registo consiste em três estados, tão habilmente misturados que parecem ser apenas um. O primeiro é o conjunto dos factos. O segundo é a organização dos factos para que formem um padrão coerente. E a terceira é a interpretação dos factos e do padrão".

- Filipa Carvalho

17 novembro, 2008

O que é o Conceito de Idade?

- Sistematizar o tempo histórico.

Há já mais de quatro milhões de anos que o homem surge na terra cuja existência, muito mais antiga, comprovadamente vai até aos 4.600 milhões de anos. Pouco a pouco, os homens ergueram-se e aprenderam a equilibrar-se de pé. Andam, utilizam as mãos para fabricar utensílios em pedra e, ainda nus, iniciam a sua vivência de grupo. Desses longínquos tempos até aos nossos dias a grande aventura do homem não mais parou de nos maravilhar, superando-se e surpreendendo-nos em expectativas, questões válidas e pertinentes. A partir do final do séc. XVIII, a história, enquanto sitematização, dos factos e das ocorrências registadas no passado, fruto da racionalização do homem, leva os historiadores e os investigadores a uma definição de grandes linhas de pensamento, de investigação e de períodos da avaliação e observação desse mesmo passado. Em 1851, Daniel Wilson, numa obra intitulada “The Archaeology and Prehistoric Annals of Scotland” e, anos mais tarde, em 1865, John Lubbock, no livro “Prehistoric Times”, utilizam e popularizam pela primeira vez, respectivamente, o termo ‘pré-história’. Daí para cá o conceito de datação do estudo científico de determinados grandes períodos da história, prefeitamente limitados entre si e com matrizes identidárias comuns tem sido uma necessidade comum a todos os investigadores. O seu enquadramento, sitematização, avaliação e caracterização, não deixou ainda de evoluir, sempre em função dos novos olhares e novos conhecimentos, que de dia para dia, surgem com novas leituras e novas abordagens! Assim, e anterior ao aparecimento da escrita, temos a Pré-História, desde 4 milhões de anos até aos 8.000 a.C.; com o aparecimento da escrita, na Mesopotâmia, incia-se a História, propriamente dita, com a Antiguidade, dividida em grandes áreas de estudo, entre outras, como as civilizações pré-clássicas e clássicas, desde cerca de 3.500 a.C. até 476 d.C.; a partir do séc. III, com as invasões bárbaras da Europa até ao século XIV, estamos perante o grande fresco da Idade Média; a Idade Moderna, pode-se avaliar e centrar num largo período de tempo que medeia entre o início do Renascimento Europeu e a Revolução Francesa, cujo marco histórico fundacional se pode achar na Tomada da Bastilha, a 14 de Julho de 1789; a Idade ou época Contemporânea, acha-se a partir da chamada Revolução Industrial e do fim do império napoleónico até aos tempos que nos coube em sorte viver.
Claro que, ao afirmar que estes grandes conceitos ou definições da história, ou melhor, da idade da história, estão balizados por este ou aquele acontecimento, apenas nos limitamos a percorrer um caminho que nos é indicado pela grande maioria dos autores que versaram estas matérias… por exemplo, no que se prende com a Idade Contemporânea, tomamos como fiável aquilo que nos indica Waldemar Besson[1], quando afirma: “Ao contrário do conhecimento científico de outras épocas, que insistentemente se tem vindo a precisar e cinzelar, o estudo e a exposição da história contemporânea (-Periodização, história contemporânea) está, como é natural, ainda nos começos. Da história mais recente falta-nos ainda perspectiva de conjunto que possa reivindicar para si a missão de servir de guia a gerações vindouras, indicando-lhes o caminho de interpretação válida.”. E, na nossa modéstia de eterno aluno, acrescentaremos, que para o estudo da Idade Contemporânea, que o próprio Besson[2], afirma iniciar-se de 1914 em diante, não menos importante será o necessário distanciamento dos e sobre os acontecimentos, na vã tentativa de evitar a pessoalização, a idealização ou a natural associação às convicções ou ideologias do observador e investigador.
Mas, até aqui, outros autores divergem…



[1] Besson, Waldemar, (Coord.), “História”, Lisboa, Editora Meridiano, 1979, pag. 304
[2] idem

15 novembro, 2008

Obama = Kennedy?

De facto, a História está constantemente a repetir-se. Com novos actores, novos cenários e até novas deixas, mas com o mesmo argumento de fundo.
Desta feita, com a eleição de Barack Obama como presidente dos EUA, vêem ao de cima as semelhanças com J. F. Kennedy, como foi salientado numa reportagem da revista Visão.
Entre o 35º e o 44º presidentes as coincidências são flagrantes:
- ambos cursaram Direito em Harvard;
- JFK ganhou aos 39 anos o Prémio Pulitzer com o livro Profiles of Courage; Obama escreveu aos 33 anos o best-seller A Minha Herança;
- JFK torna-se conhecido com o discurso de apoio a Adlai Stevenson em 1956, na Convenção Democrata; Obama revela-se em 2004 com o discurso de apoio a John Kerry na mesma Convenção;
- JFK apostou numa imagem inovadora deixando o chapéu e a brilhantina; Obama participou em comícios sem graavata e já se deixou fotografar em fato de banho e chinelos;
- Kenney tinha 42 anos e era senador pelo Massachusetts quando se candidatou à Casa Branca; Obama tinha 45 anos e era senador pelo Illinois;
- quando ambos anunciaram as suas ambições presidenciais foram considerados demasiado novos pelos seus pares;
- ambos representam minorias populacionais: Kennedy era católico num país maioritariamente protestante e Barack Obama é afro-americano negro num país maioritariamente branco;
- nos discursos de ambos constam expressões como "esperança", "mudança" e "determinação".
Será o 44º presidente tão marcante na História como o foi o 35º?
O tempo o dirá.

09 novembro, 2008

Fez-se História nos EUA

No passado dia 4 os EUA foram a votos para escolher o seu presidente. Para além de uma afluência histórica como há muito não se via dado os americanos estarem cada vez mais divorciados da política, registou-se ainda a eleição do primeiro presidente negro 150 anos depois da abolição da escravatura.
Espera-se muito de Barack Obama.
Para lá do facto positivo de George W. Bush sair de cena (será talvez a única coisa positiva que se poderá dizer deste governante), aguarda-se agora com expectativa uma nova política que se distancie da filosofia do lucro desenfreado e tenha maior atenção às pessoas. É isso que esperam os milhões de americanos que perderam o emprego ou a casa na voragem do colapso da especulação financeira.
É isso também que espera o resto do mundo.
Como se verificou, a filosofia da guerra preventiva teve como único resultado milhares de mortos entre as tropas americanas e os civis apanhados no fogo cruzado, sendo que os objectivos oficialmente definidos (apanhar bin Laden e estabilizar a região do Médio Oriente) não passaram de boas intenções, na melhor das hipóteses, ou de desculpas esfarrapadas para assegurar o fornecimento do petróleo através da imposição da pax americana, numa visão mais cínica dos acontecimentos. O mundo inteiro ficou farto da arrogância e incompetência da Administração Bush que apenas conseguiu redobrada crispação nos inimigos e alienação da boa vontade dos amigos para resolver os problemas.
Como dizia Winston Churchill: «Pode sempre contar-se com os americanos para fazerem a coisa certa... depois de tentarem tudo o resto».
Espera-se ainda que os seguidores acéfalos da visão do lucro-a-todo-o-custo que pontearam um pouco por toda a Europa finalmente se dêem conta do buraco para onde se dirigiam na ânsia de veneração ao deus-dinheiro e arrepiem caminho antes que seja demasiado tarde.

04 novembro, 2008

Cara e coroa do dever cumprido!



Até 2005 completaram a licenciatura em História (Universidade Lusófona) 3 turmas com um total de 33 licenciados em História. Os primeiros licenciados após a adequação à reforma de Bolonha vão sair no fim deste ano lectivo, quando o Curso completar 10 anos da sua existência. O 2º ciclo do Curso produziu até agora 12 mestres.

Acaba de ser aprovado pela Direcção Geral do Ensino Superior pelo seu despacho de 27-10-2008 o funcionamento do 2º ciclo conducente ao grau de mestre em Ensino de História e de Geografia no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário, que encaramos como um desafio para a segunda década da vida do Curso de História na Universidade Lusófona.

A antiquíssima expressão popular “cara e coroa”, associa-se sempre ao conceito de duas visões, complementares entre si e integrantes de uma única realidade. Dizia-me o meu avô Francisco da Veiga Campos que esta expressão é dos tempos da monarquia, quando as moedas tinham de um lado a real efígie e do outro as armas do reino, devidamente encimadas por uma coroa real, símbolo de soberania e independência. Outros contarão outras estórias…Mas, de expressão popular a designação técnica – frente e verso da mesma moeda – interessa-me, isso sim, a interpretação que dela hoje vulgarmente se faz. Tudo isto a propósito de uma realidade! Uma palpável, duradoura – contrariando muitas aves agoirentas! – feliz, responsável, independente, séria, coerente e consequente realidade: os 10 Anos do Curso de História, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.


Está já prevista para o dia 20 de Março a IX Oficina de História. Versará sobre GOA, antecipando assim a comemoração de 500 anos em 2010 da sua inserção no antigo Império português do Oriente, e considerada por Afonso de Albuquerque como a "chave de toda a Ìndia". Os goeses de hoje preferem que se comemore 1910, em vez de 1510! A Oficina estudará os diferendos na análise do passado histórico português no Oriente.

Entre outras iniciativas, programadas para comemorar, com dignidade, satisfação e orgulho este aniversário que é, também, efeméride viva e palpitante pois a história e memória já tão dilatadas deste curso, fundado em 1999, são factor que se aplaude e saúda, anuncia-se para breve um Seminário de Heráldica e Genealogia, organizado pelo Professor Doutor Benito Martinez. Que, como não poderia deixar de ser, conta desde já, com o alto patrocínio da Academia Internacional de Heráldica e com o empenho e inscrição de alguns dos seus Membros mais destacados.

Quase em simultâneo, vários ex - alunos e actuais alunos do Curso de História, com o apoio de alguns Professores do mesmo curso, organizam-se já num espontâneo movimento de solidariedade e fraternidade, cujo objectivo maior será a divulgação e apoio às actividades extra curriculares e fomentadoras da massa crítica do mesmo curso de História. Este grupo de trabalho que se deverá chamar Núcleo Lusófono de História, está aberto à participação de Todos! Sem excepções!

Ambos os eventos – “cara e coroa” – da nossa maneira de estar e de ser Professores e Alunos; de fazer um espaço de convívio, estudo e investigação multidisciplinar para os verdadeiros interessados; de dinamizar, de divulgar, de prestigiar e engrandecer o Curso de História da Lusófona, são dignos de registo e para a posteridade aqui fica ele! “Cara e coroa” da nossa satisfação íntima do dever cumprido!

Diálogos da / com História


De acordo com o espírito de Bolonha, o Curso de História da Universidade Lusófona (Campo Grande) vai inciar uma série de iniciativas no âmbito de "Diálogos com História", destinadas a combinar a formação dos licenciandos do curso de História e outros da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Lusófona (Campo Grande) com os interesses da comunidade em geral. Trata-se da preocupação de associar a universidade com a sociedade e criação de competências.
A primeira destas iniciativas será um Seminário com duração semestral e de frequência semanal (3h) a partir do mês de Janeiro. Os externos interessados poderão inscrever-se mediante o pagamento de €50 e terão direito a certificado de participação e aproveitamento.
Os outros cursos previstos abordarão Turismo Cultural, Museus de Lisboa, Africanologia, História e Informática, Hitória e Jornalismo, Ciências Documentais, Paleografia, Lusofonia Asiática.

01 novembro, 2008

95 teses: Entre Frei Tetzel e Frei Bento

O monge Martinho Lutero afixou as suas 95 teses na porta do Schlosskirche, em Wittemberg (Alemanha) em 31 de Outubro de 1517. Foi um manifesto de protesto contra a doutrina das Indulgências da Igreja Católica, particularmente no contexto da utilização dessa doutrina para resolver as suas dificuldades financeiras. A acção de Lutero foi em grande parte uma resposta à venda de indulgências por João Tetzel, um frade dominicano, delegado do Arcebispo de Mainz e do papa. O objectivo desta campanha de angariação de fundos foi o financiamento da Basilica de S. Pedro em Roma.

Foi lançado no dia 29 deste mês no auditório Vitor de Sá da Universidade Lusófona o nº 25 dos Cadernos de Ciência das Religiões, com a presença do Frei Bento, frade dominicano e director-fundador da Licenciatura em Ciência das Religiões na Universidade Lusófona, bem como do Prof. Dimas de Almeida, também professor da mesma Universidade e tradutor da versão portuguesa das 95 teses de Martinho Lutero publicada ontem.

Foi salientado durante o evento que a Reforma Protestante não conseguiu afectar Portugal com qualquer intensidade devido à actuação da Inquisição. Nem mesmo os Protestantes em Portugal manifestaram muito zelo na sua implantação neste país até os meados do século passado. Foi citado um processo da Inqusição de 3 de Março de 1571 que condenou um primeiro português, Manuel Travassos, bacharel da Universidade de Coimbra, acusado de heresia luterana. Neste processo que demorou 8 anos, ficou também implicado Damião de Góis.

Pode parecer anedótico, mas o censo oficial da Índia portuguesa em 1910 indicava 1 protestante em Goa. Descobriu-se que era o consul britânico em Goa. Um outro censo em 1942 não indicava nenhum protestante. Havia consul britânico ainda em Goa, mas nesta altura era um muçulmano, Major Ali Baig!

Embora tenha havido poucos estudos sérios sobre o protestantismo no mundo católico português, foi organizado um colóquio pelo grupo LUSOTOPIE da Sorbonne (Paris) em 1998. Os estudos nele apresentados podem ser consultados nas Actas Lusotopie - 1998.