Hurra! Hossana! Aleluia!
Segundo a manchete de um matutino lisboeta, a Conferência Episcopal Portuguesa aceitou finalmente o uso do preservativo, ainda que considerando tratar-se de um mal menor. O Bispo D. Januário afirmou mesmo "antes o látex que o aborto", posição de que comungo se bem que, provavelmente, por motivos diferentes.
Depois de há cerca de um mês atrás um padre ter colocado um anúncio no jornal avisando que não daria a comunhão a quem defendesse publicamente os métodos contraceptivos ou o aborto, eis que a Igreja acorda para o séc. XXI.
É este o seu principal problema: a mentalidade social muda muito mais depressa do que aquilo que os rígidos dogmas religiosos conseguem acompanhar.
Durante demasiado tempo, quando colocada perante a realidade da epidemia de SIDA grassando livremente em África dado o pouco uso dos preservativos, preferiu refugiar-se no dogma a encarar de frente a situação ainda que isso significasse uma correcção da doutrina.
Por outro lado, no Ocidente, as pessoas tornaram-se bastante críticas em relação à actividade da Igreja depois dos escândalos de pedofilia protagonizados por sacerdotes, os quais eram simplesmente mudados de paróquia ao invés de serem chamados à responsabilidade e punidos.
Mesmo em Portugal, país que se apregoa como maioritariamente católico, grande parte das pessoas só vai à igreja em três ocasiões: de carrinho, de carrão e de carreta, isto é, no baptizado, no casamento e no funeral.
E isto ilustra o progressivo afastamento entre a Igreja e o seu público-alvo.
Afinal, numa época em que a informação nos chega pelas mais diversas formas, para que precisamos nós de um indivíduo que nos diga como devemos levar a nossa vida, baseado não na experiência pessoal, mas sim nuns escritos elaborados há pelo menos dois mil anos?
28 abril, 2006
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