Fiquei recentemente muito mais descansado.
O Papa Bento XVI decretou que as crianças não baptizadas já podem ir para o céu quando morrerem, ao invés de ficarem num limbo entre o céu e o inferno, "entre as dez e as onze" por assim dizer.
Ora aqui está uma maravilhosa notícia. Quantos pais angustiados não terão agora muito mais conforto quando por doença grave, acidente ou agressão da sociedade os seus filhos falecerem, sabendo que os pobres infantes irão directamente para o Paraíso, para a terra onde escorre o leite e o mel sem cessar.
Porém, há sempre um mas.
Então e todas as criancinhas que já deixaram este mundo de há dois mil anos a esta parte, já para não falar nos milhares de anos em que a humanidade sobreviveu (nem sei como...) antes de aparecer a Igreja de Roma? Entram também ou a medida não tem efeitos retroactivos? Imagino que o sítio em que estavam - onde quer que isso fosse - estaria a rebentar pelas costuras de tantas e tantas alminhas que continha.
Felizmente que o Papa tomou esta importante medida de gestão, senão a coisa iria ficar insustentável. Aliás, o alcance desta resolução é de visão para o futuro, pois nos tempos que correm é mais fácil um camelo entrar no reino dos céus do que qualquer ser humano e assim não se corre o risco de o Paraíso sofrer uma quebra demográfica, que seria a todos os títulos deveras inconveniente.
Ocorre-me o título de uma obra sobre a mitologia grega: "Acreditavam os gregos nos seus deuses?"
06 dezembro, 2005
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2 comentários:
Ufa, ufa! Que bom mesmo! O meu Afonso, que tem mãe muçulmana não practicante e um pai ateu, estava então na tal lista dos entre as dez e as onze. Agora vou ter que obrigar o rapaz a ir a pé a Roma beijar o anel do Papa Paulo Bento (é assim, não é?), já que não tem culpa dos pais inconscientes que tem, que não o baptizaram.
Realmente, que coração este Papa...quem lhe chamou fascista deve estar a engolir um grande sapo. Que tolerância, que..eu nem tenho palavras.
Eu proponho, se me é permitido, que todas as crianças que morreram a partir do ano de 33 (podia ser 34 ou 35 também)passem então todas para o paraíso e que sejam compensadas pelo que sofreram. Também proponho acompanhamento psicológico continuado, já que estar entre as dez e as onze por tanto tempo pode ter provocado danos graves, quiça irreparáveis. Já agora, porque não pedir desculpa por este engano?
Dificilmente o Papa Bento XVI irá pedir desculpa por a Igreja ter dado o dito pelo não dito, isto é, por ter passado uma borracha na interpretação anterior das Escrituras. Isso seria admitir que os prelados anteriores se enganaram, o que não só colide com o dogma da infalibilidade papal, como também iria comprometer (ainda mais) a credibilidade da Igreja. Por isso pergunto de novo: acreditará o sumo-pontífice nestas teorias que implementa?
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