Depois de ter afirmado - quiçá baseado em aprofundada experiência em ambos os temas - que o aborto é igual ao terrorismo, eis que Bento XVI volta ser notícia ao mostrar-se incomodado com o facto de as pessoas festejarem efusivamente a passagem do ano, por considerar que ao fazê-lo estão a optar pela ilusão e a afastar-se da realidade.
Bom, alguém deveria explicar-lhe que a ideia é mesmo essa.
Decerto que a passagem de um ano para outro é apenas o resultado de convenções adaptadas a partir dos movimentos de rotação e translação do planeta Terra em torno do Sol. Decerto que mesmo o ciclo das estações do ano tem maior interesse prático para a agricultura, para a pecuária ou para a jardinagem do que para o citadino que participa entusiásticamente nos festejos de fim de ano. Decerto que estamos a falar fundamentalmente de outro período de 365 dias, com 24 horas de duração cada um, portanto nada de verdadeiramente extraordinário.
Porém, a verdade é que, como referem as Escrituras, nem só de pão vive o homem. Vive também de esperança.
Quando finda um ano, um banalíssimo período de 365 dias, as pessoas sentem chegar o final de um ciclo. E encaram o novo cômputo de 365 dias com a esperança de que as coisas corram melhor do que no anterior. É algo tão intrínseco para o ser humano como dormir.
Isto porque a alternativa é demasiado cruel para ser sequer contemplada. A alternativa seria nada mudar, tudo ser igual, a infelicidade manter-se ou piorar. Daí que as pessoas prefiram encarar o novo ano com a esperança de melhorias na sua vida, simbolizando isso com a alegria esfuziante com que aderem aos rituais de passagem de ano. E, ainda que não festejem na rua, têm sempre, no mínimo, uma certa dose de prudente optimismo para encarar o dia 2 de Janeiro.
11 janeiro, 2007
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1 comentário:
Será que Bento XVI ainda é do tempo em que o sol é que girava em torno da terra?...
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