Para que conste, Israel retirou do Líbano em 2000 na sequência de uma resolução das Nações Unidas, a qual preconizava também o desarmamento do Hizballah. Infelizmente, tal desarmamento não ocorreu, antes pelo contrário, e hoje temos um exército terrorista treinado, equipado e financiado pela Síria e pelo Irão que actua a partir do Líbano com o fim único e último de proceder à destruição de Israel, por quaisquer meios ao seu alcance.
De facto, o problema de fundo no Médio Oriente é só um: a existência de Israel.
Qual espinho cravado na garganta do mundo árabe, o estado judaico insiste em sobreviver contra tudo e contra todos, literalmente desde a sua fundação. A actual violência no Líbano é só mais um episódio negro deste conflito que opõe muçulmanos a judeus e do qual não é possível antever o fim.
Há, todavia, alguns factos a salientar. Se é verdade que as baixas civis são sempre um corolário trágico das acções de guerra, o qual é duplamente trágico quando as vítimas são crianças, não é menos certo que o "Partido de Deus" não tem quaisquer escrúpulos em lançar os seus ataques a partir de áreas habitacionais, usando a população civil como escudos humanos para apararem a previsível retaliação israelita que visa a destruição das baterias de mísseis, as quais, por serem móveis, o Hizballah tem o cuidado de fazer desaparecer dali uma vez cumprida a sua função. Perante o mais que compreensível desespero das populações que vêem as suas vidas arruinadas, os radicais aproveitam para o manipular em seu favor, acirrando ânimos e granjeando assim uma aura de libertadores que lhes providenciará mais e mais fervorosos adeptos.
No mundo ocidental, sucedem-se as manifestações que, fazendo vista grossa a esta lógica perversa, apenas vêem um lado: o dos sanguinários judeus, bandidos-que-sem-qualquer-motivo-se-entretêm-a-massacrar-civis-indefesos. O ponto de vista dos governos das potências ocidentais, ainda que mais civilizado, não é muito diferente: sucedem-se as condenações das vítimas civis e tarda o assumir de responsabilidades pela inacção e/ou ingerência que ao longo de décadas, conforme as conveniências geopolíticas, foram alimentando a instabilidade no Médio Oriente.
Claro que Israel tem a sua quota-parte de culpas no conflito israelo-palestiniano, mas não tem o exclusivo nem o actual estado de guerra no Líbano tem alguma coisa a ver com a Palestina, que parece curiosamente esquecida pelos radicais islâmicos. O que está a acontecer é tão somente uma luta pela hegemonia regional em que Síria e Irão pretendem conseguir através da instauração do terror de ambos os lados da fronteira libanesa aquilo que não conseguiram com as sucessivas guerras convencionais: destruir o estado judaico para se tornarem eles próprios os senhores da região. Provavelmente, depois de desaparecido o inimigo comum, passariam a lutar entre si, até que um deles conseguisse subjugar todos os outros, numa infindável espiral de violência em que mais uma vez os massacrados seriam os civis. É também curioso que todos os grupos islâmicos radicais se preocupem tanto em idolatrar os tempos áureos do Califado por volta do séc. XIII, esquecendo convenientemente que corresponderam a tempos de relativa paz e progresso material, pois era o mundo árabe que detinha as mais recentes inovações tecnológicas da época, beneficiando da Rota da Seda, enquanto que o Ocidente era um mundo atrasado e bárbaro.
Mas todas estas questões passam ao lado das mentes caridosas que apenas vêem um lado: o do anti-semitismo disfarçado de anti-americanismo. Porque não tenhamos ilusões: o grande crime é apenas o praticado por Israel ao atacar terroristas que se misturam com a população, regra geral depois de atacado; aqueles que se fazem explodir em autocarros cheios de gente ou que lançam centenas de mísseis matando indiscriminadamente judeus e árabes, adultos e crianças, em território israelita, são combatentes da liberdade...
É por tudo isto que os radicais islâmicos vão conseguindo cumprir facilmente a sua agenda político-militar de destruição.
07 agosto, 2006
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1 comentário:
É, e este líder Iraniano vai dar que fazer ao Bush. Parece uma novela interminável, mas com sangue do verdadeiro. Já ninguém tem dúvidas que o Homo Sapiens Sapiens ainda é um projecto do Homem que julgamos ser...
Cabe aqui contar a anedota da Madre Teresa que, chegada ao céu, e verificando que Deus só lhe dava cachorros quentes e sandes às refeições, enquanto verificava que ali ao lado, no inferno, os manjares eram suculentos, deliciosos, estranhando, pertguntou a Deus o porquê daquilo. Ele respondeu-lhe:
"Vale a pena cozinhar, só para nós os dois?!"
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