Ao longo do texto de José Mattoso “ A Função Social ”, apresentado na abertura do ano lectivo 1998/1999, Licenciatura de História, não me parece bem clara a diferença entre historiadores e licenciados em História, a não ser, que o autor tenha optado por considerar historiador todos os licenciados em História, já que teve o cuidado de apresentar uma nova diferenciação como criação de historiadores profissionais.
Confesso contudo, que fiquei mais confusa, quando me diz que esta classe esta espalhada por toda a parte, mesmo nas cidades do interior e, que se ocupam a investigar o passado de todos os lugares e regiões, apresentando em paralelo actividades dos arqueólogos. Julgava que profissionais eram os que viviam das suas publicações e, possivelmente, os que no aparelho do estado, são funcionários públicos, não dependem dos seus escritos ou investigações.
Quanto ao futuro dos licenciados em História, que a partir dos anos 80, embora o autor referia os anos 70, oferecem mais oportunidades aos que se licenciaram em História para exercerem outras actividades que o autor não especifica, mas que as relações publicas, comerciais e de turismo vão ser preenchidas com estes licenciados.
Ao contrário do historiador, não creio que as famílias dos burgueses fossem chamadas à discussão acerca da História, já que a possibilidade de emprego consoante as “ cunhas” não é de ontem nem de hoje, mas de sempre. O que é necessário, conforme diz o autor, é que todos tenhamos a percepção clara entre os conhecimentos históricos e as necessidades do mercado. Só assim, será possível orientar os nossos movimentos, no sentido de uma tarefa compatível e que esteja ao nosso alcance.
Para que o esforço não seja inútil, não considero desinteressante, bem pelo contrário, estar atenta ao mundo empresarial e aos noticiários do país, pois só assim, poderemos saber o que se constrói em equipamento cultural, em estruturas produtivas, bem como as condições sociais para projectos de desenvolvimento, onde possamos ser úteis e necessários.
Sobre as questões complexas não é a minha opinião persuadir os gestores a saber História, mas sim a contratarem profissionais licenciados em História, dada a sua preparação em poderem perspectivar o futuro, já que bem conhecem o passado.
Concordo inteiramente com a deslocalização para qualquer área do país onde as suas qualificações sejam necessárias, já que todas as razões invocadas são ultrapassadas com o nosso trabalho, os nossos conhecimentos, sempre actualizados com as novas tecnologias.
Acerca da investigação, damos como certo que não investiga quem quer, mas sim quem tem conhecimentos para investigar, quem tem uma perseverança inabalável nas dificuldades e quem esteja preparado para saber que em alguns casos não se encontra a resposta prevista.
A investigação não será assim um objecto que possa vir a ter um futuro previsível, mas não nego, que o facto de a história exigir amplos conhecimentos das ciências humanas e capacidade para integrar os contributos de outras ciências, dá-se uma visão diversificada e crítica do mundo e, dos pequenos factos individuais que tantas vezes são desconsiderados, mas com um enorme valor pessoal e impacto social.
Para finalizar, recordar o passado colectivo como demonstra o autor, não é para mim uma luta contra o desaparecimento da identidade, mas sim fomentar a consciência dela mesmo.
Filipa Carvalho
frgpca@hotmail.com
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3 comentários:
Fiquei muito confuso também com o texto de José Mattoso. Compreender a história não é somente pesquisar em velhos papéis e dar uma conotação destituída de conhecimentos aprofundados. Isto se chama “pseudo-história” e baseia-se em teorias de contestação; parte de pressupostos falsos - a que nem se podem chamar de hipóteses - e estes pressupostos acabam por serem as conclusões; assenta em documentos isolados, descontextualizados, secundários, falsos, apresentando um “ranço” dogmático. Foge a necessária críticidade nem se submete à crítica. A lista de características é longa e poderia continuar, mas em tudo seria diferente daquilo que deve ser a História.
Fiquei muito confuso também com o texto de José Mattoso. Compreender a história não é somente pesquisar em velhos papéis e dar uma conotação destituída de conhecimentos aprofundados. Isto se chama “pseudo-história” e baseia-se em teorias de contestação; parte de pressupostos falsos - a que nem se podem chamar de hipóteses - e estes pressupostos acabam por serem as conclusões; assenta em documentos isolados, descontextualizados, secundários, falsos, apresentando um “ranço” dogmático. Foge a necessária críticidade nem se submete à crítica. A lista de características é longa e poderia continuar, mas em tudo seria diferente daquilo que deve ser a História.
Filipa,
Sou recém licenciada em História, e por coincidência recém mestranda da Lusófona.
Fiquei bem interessada no seu texto e quem sabe vocês do grupo não podem me ajudar.
Tenho estado intrigada desde a graduação com a questão do historiador poder fazer críticas e não apenas investigar e narra a história. Quando me refiro a fazer crítica é que ele possa contribuir através de seu trabalho com sugestões de problemáticas atuais, inclusive propondo soluções que no seu pensamento sejam adequadas.
Mas aí esbarro numa outra problemática: "o historiador não pode sugerir e propor soluções", não é o papel dele como investigador.
Então eu teria que ter estudado história para investigar, e estudado outra área para propor soluções quando percebo problemas?
A função do investigador só seria narrar a história e fazer os outros refletirem?
O que você acha? Ou vocês do grupo?
Márcia Machado
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