20 outubro, 2008

O ACORDO ORTOGRÁFICO E A PRÉ-HISTÓRIA

Não se preocupem os mais conservadores, porque mais de 30 milhões de indivíduos que falam português talvez nunca venham a aplicar/utilizar nenhuma das novidades do novo Acordo Ortográfico. Ao que se sabe nem o acordo de 1990 a esta "fatia de queijo" da população lusófona chegou. Digo "fatia de queijo" intencionalmente, porque há fatias de queijo que são melhor tratadas, por um lado, e pessoas, seres humanos, que são tratadas como números, como fatias de um qualquer queijo estatístico, na melhor das hipóteses.
O Novo Acordo é bem vindo, eu sei, mas era bom fazer chegar um acordo qualquer, nem que fosse um de 1825 ou 1975, o que houver aí disponível, para que algumas franjas de população, nomeadamente no Brasil (14 milhões de analfabetos) e Moçambique (10 milhões de analfabetos) e, porque não, a Portugal, com 700 mil analfabetos, tivessem acesso a ortografia, nem que fosse a a uma semi-ortografia, ou seja, a uma ortografia em que metade de cada palavra fosse bem escrita, o que indiciaria, desde logo escrita e não a sua ausência.
Se a Pré-História é, por definição, o período antes da escrita, então trata-se tão-só de tirar 30 milhões de indivíduos desse período em que se encontram.

1 comentário:

JPG disse...

O Acordo Ortográfico de 1990 é precisamente aquele que agora foi "aprovado".