02 dezembro, 2008

A Interdisciplinaridade em História

- História, Arte ou Ciência?


Assumir e interpretar, de forma pessoal, a verificação da importância da interdisciplinaridade na pesquisa histórica, constitui um dos quinze objectivos [1] específicos do programa da disciplina de Introdução à História – I.
É, pois natural, que de um ponto de vista personalizado, com base nas leituras efectuadas [2] , nos seja dada a oportunidade de inferir e reflectir, sobre algumas das mais significativas páginas da teoria crítica moderna e do pós-modernismo, de que o Professor José Mattoso, incontornável figura de autor e investigador da historiografia contemporânea portuguesa, é um dos mais preclaros paladinos.
Em ruptura com o modernismo (corrente literária, musical, artística, arquitectónica, cultural, etc… contra o classicismo, a favor da estética, que corresponde ao final do século XIX e perdura até à II Grande Guerra Mundial), com o chamado modernismo histórico, onde sobressaem Alexandre Herculano e Oliveira Martins, os pós-modernistas, de que é figura emblemática o Professor José Mattoso, estabelecem uma nova filosofia ou teoria de escrever a História.
Poderemos com propriedade falar de uma teoria ou conceito da História que é, ao mesmo tempo e em si mesma, uma assunção ecléctica de saberes e experiências? Sim! Quando José Mattoso se questiona ou nos propõe discorrer sobre se a História é Arte ou Ciência, o historiador aponta-nos o caminho, criticando o mundo académico e a comunidade científica, que se identifica e se poderá sintetizar de forma paradigmática nos conceitos, vulgarmente designados, por ‘corredores do poder’ ou por ‘mundo das capelinhas’.
Para escrever história, para se escrever sobre a História, há que se ‘despir a ideologia’, evitar o palco político, despojarmo-nos de preconceitos.
A revelação ou a opção apontadas, indicam-nos um caminho que nos revela um método que escolhe, em cada momento, em cada sistema e em cada solução, o que se julga o melhor! Com ampla liberdade de aproveitar de cada cultura, cada corrente política ou cada credo religioso, o que se considere mais útil, sem aderir em exclusividade, por carreirismo ou ‘carneirismo’, a esta ou aquela doutrina.
É, por isso que José Mattoso [3] , tentando sintetizar ou concluir, nos afirma a dado passo… “praticar a ciência sem excluir a arte, ou de exercitar a ciência como uma arte”.
A História, como a História do Homem, tem que se assumir, sem complexos ou falsos pudores, como uma mescla de conhecimentos, saberes e experiências, onde a ciência, a técnica e a arte, podem e devem dar as mãos, numa harmoniosa partilha, consciente e coerente, que possa dirigir a uma mais profícua investigação, um mais libertador estudo e a um mais descomplexado registo e sistematização, sem vícios de percurso.
Só esta atitude, de grande rigor intelectual - o que se saúda e aplaude, em José Mattoso! -, nos permitirá recuperar a fantasia, a magia, a paixão e a imaginação, em suma, o fascínio da História, como forma de resgatar a memória colectiva que importa preservar, divulgar e engrandecer, para salvaguarda da própria identidade nacional, nos conturbados tempos de transição que nos coube em sorte viver.



[1] Iglésias, Olga, “Curso de História – Introdução à História I –Preparação da Frequência e do Exame”, Lisboa, 2008, 2 pp.
[2] Mattoso, José, “A Escrita da História – Teorias e Métodos”, Editorial Estampa, Lisboa, 1986.
[3] Idem

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